domingo, 11 de abril de 2021

 

Ter escrito o livro “A gente se vê por aí!” me rendeu tantas histórias... Sim, é verdade! Além das aventuras do próprio livro, aconteceram alguns fatos inusitados, talvez, até incríveis. Algumas delas, enquanto ainda estava escrevendo o livro e outras depois de ter sido lançado. Aí vai mais uma, eu adoro esta história em particular:

 

 

UMA HISTÓRIA INCRÍVEL EM MYKONOS

 

 

Fazia calor, muito calor, ninguém saía, era hora de descansar de tarde, todo mundo no quarto com ar-condicionado. Mas, de alguma forma, eu não queria desperdiçar esse tempo dormindo. Eu estava em Mykonos, na ilha grega mais incrível de todas. Eu havia vivido experiências inesquecíveis naquele lugar no verão de 1984.

Daí, percebi que o ano era 2014, e era agosto. Eu estava em Mykonos exatamente trinta anos atrás, talvez naquele mesmo dia. Aquela viagem foi o maior feito da minha vida. Eu precisava resgatar algo daquele passado. Mas agora eu estou a trabalho, está calor...

 Daí imaginei que, naquela época, não existia calor que me impedisse de pôr em prática alguma ideia que tivesse. Eu era atrevido, destemido, ousado e, por isso, tive tantas histórias que renderam o livro “A gente se vê por aí!”, de 500 páginas. Mas, eu não era mais aquele menino. Eu estava trabalhando como guia, meus passageiros e eu iríamos nos reunir às 19h no lobby do hotel para ir embora de Mykonos. Só que eram 15 horas, eu tinha quatro horas para dormir, ou procurar a pensão onde eu havia me hospedado em 1984. Era a primeira vez que meu hotel ficava nesta direção da ilha. Era minha chance de procurar a famosa pensão e fazer história novamente, ou, ao menos, reviver aquela história.

Dei um pulo da cama e fui me vestir.

– Posso estar mais velho, mas meu espírito aventureiro me acompanha, talvez um pouco mais comedido, mais responsável, mas a vontade de descobrir supera de longe o medo de sair da minha área de conforto. Vamos em frente! Vamos ver se acho, ou não, a tal pensão! E lá fui eu, sem nenhuma informação, apenas com a foto na varanda do meu livro. Lembrei-me que o mais marcante daquela pensão era que, lá do alto, eu adorava observar a cidade ao longe, comendo queijo feta (incluído na diária) e bebendo cerveja.

Eu sabia que estava perto, mas não imaginava que estivesse tão perto. Mostrei a foto ao pessoal da recepção e a resposta foi unânime. Era por ali, mas ninguém sabia onde exatamente era a casa.

Não queria perder mais tempo e saí. Eu estava focado, ansioso, precisava encontrar a casa e não tinha muito tempo. No caminho, meu astral deu uma caída. Imaginei, que, mesmo que eu a encontrasse, talvez não fosse mais uma pensão, talvez tivesse mudado de dono, talvez nem existisse mais a casa em si, afinal, já haviam se passado trinta anos. Mas isso eram apenas conjecturas. Eu tinha que tentar.

Caminhei por uns quinze minutos, virei uma curva e, ao longe, deu para ver a cidade, era muito parecido. Eu devia estar muito perto. Era por ali. Caminhei um pouco mais, daí me lembrei de que, na época, eu subia por uma trilha na montanha para chegar à casa e, em vez de olhar um pouco para cima como estava fazendo, olhei lá no alto, e vi uma casa que se parecia com a pensão. Era muito alto. Será? Claro que não existia mais a tal trilha, certamente agora deveria haver uma estrada para chegar lá. Daí, pensei, e fiquei rindo de mim mesmo. Só com 22 anos eu subiria uma trilha na montanha tão alta para ganhar um queijo de graça. Ha! Ha! Ha!

Voltei a calcular, não tinha direito a errar. O tempo era curto e, mesmo subindo por estrada, seria uma subida dura e cansativa, então, não poderia me dar ao luxo de chegar lá, ver que não era, descer e recomeçar a busca pela pensão. O calor estava insuportável. Fiz todos os cálculos, talvez tivessem mudado a varanda, ou a cor da madeira, mas aquela parecia ser a casa, a posição na montanha, tudo se encaixava. Não tive dúvidas. “É lá!”, pensei, confiante.

Então, falei comigo mesmo:

– Eu vou conseguir chegar na mesma varanda. A casa existe ainda. Será uma grande homenagem aos trinta anos do maior feito da minha vida, minha viagem à Europa em 1984.

Saí caminhando, subindo a montanha pela estrada. Só que aconteceu um fato estranho: um carro parou do meu lado e um cara perguntou:

– Aonde você vai?

Eu estava tão envolvido na história que resolvi contar a verdade:

– Eu sou brasileiro e estive aqui há trinta anos, na última casa.

Aí eu mostrei a foto do livro.

– Eu queria ver se a pessoa que me chamou para eu me hospedar em sua pensão ainda está lá. Queria ver se esta varanda ainda existe.

O rapaz, então, disse:

– Suba e pare no hotel butique no lado esquerdo da rua. O recepcionista Themistoklis vai te esperar com uma cerveja gelada.

Não entendi muito bem, mas não me importei, segui meu caminho. E não é que o tal Themistoklis estava me esperando na porta de um hotel. Na verdade, ele não me pediu para entrar, ele mandou. Obedeci, sem questionar. Estava muito quente.

O hotel era gracioso, com uma piscina linda. Voltei a contar a história. Ele estava muito interessado, pediu meu livro e mostrou a outras pessoas. Tomei uma cerveja, daí quis ir embora, perguntei quanto era e me disseram que não custava nada.

A última casa era próxima, uns 200 metros mais acima, mas havia outras casas no meio. Era estranho, as pessoas ficavam me observando. Parecia que eu estava sendo vigiado o tempo todo, como se todos soubessem da minha presença. Era uma mistura de sensações, um pouco de medo, um pouco de surpresa. Eu era o centro das atenções, mas estava inseguro. Eu não sabia o que estava acontecendo.

Cheguei à casa, o portão era enorme, totalmente diferente do que eu me lembrava.

Toquei a campainha, veio uma moça, eu diria, com uns 35 anos e me pediu para entrar. Os mistérios continuavam. Sem dizer nada, ela me levou para dentro da casa, por pequenas escadas, diferentes níveis, sobe de cá, desce de lá. Eu tentava me lembrar de algo, mas não consegui e, de repente, chegamos numa varanda.

Aí eu me emocionei: era a minha varanda, era a varanda que eu lembrava, sem tirar nem pôr. Ali eu esqueci tudo que estava acontecendo. “Eu consegui!”, pensei. Não sabia como tudo iria terminar, mas eu havia conseguido, eu estava na mesma varanda de trinta anos atrás. Isso é incrível! Eu não podia acreditar. Era o máximo, nada havia mudado. Reconheci a vista da praia em frente, da cidade ao longe.

Olhei para baixo e falei comigo mesmo:

– Joriam, você era louco aos 22 anos. Subir esta montanha por uma trilha, é loucura, mas graças à sua maluquice, aqui está você fazendo história novamente. Isto é sensacional!

Pouco depois, a moça voltou com uma cadeira, uma cerveja e disse que Dona Marina logo estaria ali. Difícil de acreditar, eram muitas lembranças juntas. Pedi a ela que tirasse muitas fotos, com cerveja, sem cerveja, sentado na cadeira, imitando a foto antiga. Foi um momento de êxtase.

Logo Dona Marina chegou sorrindo. Ela estava feliz, extasiada. Parecia ser a mesma pessoa que me convenceu a ficar em sua pensão havia trinta anos. Eu não tinha certeza, afinal trinta anos são trinta anos. Ela me abraçou, eu estava emocionado. Como era possível? Ela parecia me reconhecer. Não era possível, ela parecia ter certeza de que eu fui seu hóspede, como se ela lembrasse de todos os hóspedes que ela convenceu a ir para a sua pensão.

Sentamos no sofá. Ela cercada por duas adolescentes lindas, suas netas. Daí em diante, a conversa ficou entre as meninas traduzindo para ela em grego e traduzindo em inglês para mim. A princípio, contei o que estava acontecendo, o porquê da minha visita. Quando ela tomou a palavra, foi só emoção e lágrimas.

– Sr. Joriam, você é a prova de que eu estava certa. Numa época em que ser pescador ou dono de restaurante era o que todos almejavam, eu acreditei no turismo, e buscava turistas no porto. Assim como para você, eu não podia contar sobre a trilha. Se contasse, ninguém viria, mas eu convencia as pessoas e compensava com amor e queijo. E, pouco a pouco, fui fazendo a pensão crescer, com muitas dificuldades, fui aumentando a casa para receber mais e mais pessoas. Sabe a pensão onde o Sr. bebeu uma cerveja na subida? É do filho do meu irmão. Sabe aqueles dois rapazes que falaram com você, de carro? São meus netos. Todas essas casas próximas a mim são hotéis e são da família, que começou com a minha pensão. Você é a prova viva de que eu estava certa, quando todos diziam que eu era louca em transformar uma casa pobre no alto da montanha numa pensão para turistas.

– Dona Marina eu amei a sua pensão, como a senhora nos abordou no porto, como viemos e ficamos cheio de poeira dos outros carros na estrada de terra, hoje asfaltada. Eu conto tudo o que me aconteceu neste livro.

Eu o entreguei a ela, que começou a chorar.

– Obrigado, meu rapaz. Obrigado por me mostrar que valeu a pena.

De repente, ela se levantou, disse algo para as meninas e saiu da sala. Eu não sabia o que fazer. “Será que eu disse algo errado?”, pensei.

Ela voltou, me pegou pela mão, me levou até um carro e saímos. Ela foi apontando:

– Esta casa hoje é da minha prima. Esta pensão é da minha irmã, mas quem cuida é o genro dela.

Então, chegamos ao ponto mais alto. Havia uma construção que não estava terminada. Parecia uma igreja ortodoxa. Entramos. Ela estava em fase final, quase pronta.

Então, em tom solene, ela disse:

– Esta é a capela para toda a família se lembrar de que tudo o que conseguimos foi graças ao Senhor. Ele tem que ter o que temos de melhor e esta é a vista mais linda de todas.

Eu rezei, agradeci todo o carinho. “Será que eu merecia tanto assim?”, pensei.

Voltamos para a casa, então, ela me deu um quadro de Mykonos, pintado por um dos filhos, me deu uma garrafa de “Ouzo”, bebida típica da Grécia, me deu um livro sobre Mykonos e disse:

– Você foi o maior presente deste ano. Você é a prova viva de que meu trabalho deu certo. Obrigada.

Abracei-a e comecei a chorar junto com ela, imaginando que ela já fazia parte das histórias mais legais da minha vida e agora uma nova história me ligava a esta mulher. Uma nova história incrível. Agradeci também à vida por ter me feito tão aventureiro e não ter deixado a preguiça me vencer e ter me feito sair de casa em busca de uma história sem pé nem cabeça.

Mas era hora de partir, disse a ela que precisava ir embora, logo iria para Atenas.

Dona Marina não teve dúvidas. Chamou um neto qualquer (rsrsrsrs) e pediu-lhe para me levar ao hotel. Era pertinho, em dez minutos estávamos lá.

Assim que desci do carro, o rapaz me disse:

– Obrigado por ter feito minha avó tão feliz...

 

Agradeço a empresa Transmundi, que confiou seus passageiros para eu guia-los para esta maravilhosa viagem.

Agradeço também a empresa Mykonos room, hoje em dia cuida da pensão com a mais maravilhosa varanda na ilha de Mykonos. Miss you...


Fantástica varanda em Mykonos em 1984
Fantástica varanda em Mykonos em 2014
Fantástica comparação das varandas 
A capela ortodoxa da família da Dona Marina
Dona Marina e suas netas
Lá está a pensão, em 1984 eu subia por uma trilha até a pensão.
Dona Marina e eu, obrigado por tanta emoção.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Eu tinha que voltar para casa e viva a VARIG

Ontem estava de papo com meu amigo Rubinho quando começamos a falar da Varig, afinal no dia seguinte iria ter mais uma confraternização dos ex-comissários da Varig no Shelter bar. Era uma galera que jamais se separou, mesmo passados oito anos da falência o povo continuava juntos, tínhamos um carinho pelo outro inexplicável, era apenas porque sabíamos que éramos especiais somente porque trabalhamos na mesma empresa. Isto já era suficiente para garantirmos que esta outra pessoa, era muito legal.
Daí lembramos de um fato que prova o porque que a Varig não era uma empresa normal, era uma empresa família, era a mãe Varig.
Durante a Copa do Mundo da Alemanha em 2006, eu estava de férias e junto com o Rubinho seguíamos o Brasil onde quer que fosse jogar e aproveitávamos os intervalos de jogos e conhecíamos diferentes pontos da Europa. 


Estávamos em Munique e no dia seguinte estava combinado que iríamos dar uma chegada em Budapest, porem depois de passear o dia todo chegamos na casa do meu primo onde estávamos hospedados e a esposa dele, veio avisar:
- Joriam soube hoje que a Varig está em processo final de falência, vocês vieram de Varig certo????
- Claro, eu trabalho na empresa vim de GC, como a gente fala.
Eu te aconselho a verificar, estão falando em não mais voar e que este é o último voo que vai vir para Alemanha.
Saí telefonando para vários amigos comissários, até mesmo comandantes e a resposta apesar de diferentes, todos acreditavam que a empresa poderia parar a qualquer momento e que sim, talvez o voo do dia seguinte seria o último da Varig para Alemanha.
Não podia acreditar, não sabia se me desesperava pela situação em que me encontrava, sem saber se iria conseguir voltar para o Brasil ou se me desesperava por perder um emprego que eu adorava. Era uma sensação de amargura, de dor, de angustia. Cheguei a imaginar que estava perdendo o emprego passeando na Copa do Mundo na Europa. Podia afirmar que havia aproveitado até a última gota, seria uma história para contar para os netos, mas do que adiantaria esta história!!!! Como seria minha vida daqui para frente??? O que eu faria??? Qual seria meu novo emprego? Como iria viver? Mas que merda de sensação desgraçada de dúvida.
Rubinho me fez voltar a realidade e propôs que a gente esquecesse Budapest e fossemos para Frankfurt para tentarmos voltar para o Brasil. Proposta aceita, arrumamos nossas coisas, voltei a ligar para amigos em diferentes funções na empresa e assim ao menos descobri tudo que pude: a hora da saída do Brasil, a hora da chegada na Alemanha e até a hora que a tripulação iria sair do hotel em Main para o aeroporto. Fizemos o calculo e no dia seguinte cedo nos despedimos dos primos e fomos para a ferroviária.

O trem era rápido e silencioso, mas estávamos tensos e tristes, pouco falávamos. Por vezes ouvíamos comentários sobre os jogos da copa, mas naquela altura nada nos importava queríamos apenas ter a certeza de que embarcaríamos de volta para casa.
Na chegada em Frankfurt, vi que teríamos tempo de ir até Main e falar com um dos comissários que eu já havia descoberto que estaria á bordo do avião de volta. Claro que seria melhor ter alguém do nosso lado, do que apenas tripulantes desconhecidos e como não tínhamos nada para fazer, lá fomos nós. Eu nem sabia se a estação do trem em Main era perto do hotel, mas achei que valia a tentativa. Deixamos as malas no guarda volume da estação ferroviária e nos mandamos. Dito e feito pouco depois atravessamos uma ponte, reconheci o rio, as arvores ao longe. Eu havia feito um voo para Frankfurt como comissário e estas poucas imagens me fizeram recordar. Não tive dúvidas, descemos na primeira estação e fomos caminhando beirando o rio, afinal era a única coisa que reconheci. Pouco depois entramos no hotel, que alívio, eu conhecia, e me senti um pouco em casa. Procurei na recepção o nome do meu conhecido e ligamos. Ele estava deitado descansando antes do voo de volta para o Brasil. Me desculpei e contei meu caso. Ele desceu até o lobby e prometeu tentar me ajudar, disse que o comandante era gente boa, mas não tinha certeza de nada.
Na saída de volta a estação de trem Rubinho disse:
- Achei vc maluco de vir para um lugar sem saber nem o nome do hotel, só no risco de achar algo que vc havia visto apenas uma vez na vida, mas acho que valeu a pena, o seu amigo vai ajudar.
- Calma!!!! Não é bem assim! Estamos na mão do comandante, quem decide é ele e sabemos que teremos competidores, só espero que não tenha uma dúzia de comandantes ou parentes deles para embarcar, se for o caso vamos dançar. Nesta hora, comissário e com matrícula 77 ou seja nova, é o cocô do cavalo do bandido. Respirei, depois continuei. - O que eu realmente quero é que este comissário fale para o comandante que nós existimos, não sei se lá no aeroporto vamos ter a chance de falar com ele, mas conto que meu amigo me procure e diga algo para a gente saber se podemos contar com a ajuda do comandante ou se contamos conosco mesmo.
Pegamos nossas malas na ferroviária e rumamos para o aeroporto. Karakas, que sensação de impotência, uma vontade imensa de ir embora sem ter a menor ideia do que iria acontecer.
No aeroporto procuramos onde iria ser o embarque da Varig, que visão dos infernos, faltavam 4 horas para o voo e já tinha dezenas de pessoas á espera, talvez centenas... Que desespero. Não podia me aproximar muito de ninguém, afinal eu tinha um “pistolão” que nem eu sabia se podia contar com ele, era melhor não me aproximar e ter que pedir por mais pessoas que por ventura eu conhecesse naquele momento. As horas foram passando e logo vimos quem estava de GC, era fácil identificar os desesperados, fora a tensão de pessoas dizendo que não estavam marcados, mas que por via das duvidas queriam ir embora de uma vez para o Brasil. O comandante ainda não havia chegado e as pessoas já começavam a digladiar, brigando por melhores lugares no balcão do check in.
Quando o comandante chegou logo foi cercado, pessoas delicadas outras tensas e pouco educadas, pediam, imploravam por um lugar no voo. Era mulher de desembargador, de militar de politico, era só pessoas de alta patente. Nem perto consegui chegar dele. Meu amigo comissário apareceu, que alívio, e disse: - Calma ele está com o propósito de levar todo mundo, mas nunca imaginei e acho que nem ele que estaria este caos.
- Paulo por favor,  diga ao comandante que não posso ficar aqui, não tenho dinheiro, não tenho hotel, se ele deixar, vou até na asa.
- Pode ficar tranquilo, vou falar com ele.
Daí disse ao Rubinho, viu se a gente não tivesse ido até o hotel, a gente não teria tido a chance de encontrar com o Paulo neste caos e agora estaríamos bem mais encrencado.
A despachante da Varig gesticulava muito e o comandante também, como se estivessem brigando, eu precisava saber o que estava acontecendo. Eu e Rubinho fomos nos aproximando, num empurra empurra frenético. Eu tinha que saber o que iria acontecer. No final ouvi que era para todos os empregados Varig e passageiros GC irem para a sala de embarque, que não era para ninguém ficar aqui fora. Se íamos embarcar, aí era outro problema, precisávamos do cartão de embarque para chegarmos a sala de embarque e era isto que eu precisava conseguir naquele momento. Aí não sosseguei, fiquei o tempo todo atrás da “Enfermeira da SS”foi como apelidamos a despachante da Varig na Alemanha, mulher grande com olhar malévolo. Se ela fosse ao banheiro, eu ficava na porta esperando até que consegui os malditos bilhetes.
Logo chegamos na sala de embarque e pouco a pouco foram entrando os passageiros com assentos marcados, que inveja de cada um deles. E vai entrando e vai entrando e pronto quando vi só sobravam pessoas como eu, querendo embarcar sem saber se iriam conseguir. Parecia ter umas 50 pessoas. A "enfermeira da SS" repetia diversas vezes em alto e bom tom, que não teria lugar para todos e que ela tinha que dar preferencia a pessoas que não tinham embarcado  em outros dias e em pessoas de mais idade, de matricula mais antiga, de ex-comandantes, de chefes de equipe apelidados de vacas sagradas de tão antigos que eram. Em sumo, eu e Rubinho não tínhamos a menor chance. Tensão exacerbada, todo mundo pressionando, inclusive eu com meu “humilde” crachá na mão. Foram chamar o comandante, era a hora de pular no pescoço dele, eu tinha que mostrar que eu era funcionário direto.
Ele chegou do nada e sem dar qualquer possibilidade de alguém fazer alguma pressão ele bateu na mesa e disse: NÃO VOU DEIXAR NENHUM BRASILEIRO EM TERRA. Karakas meu irmão que sensação agradável, como era bom trabalhar com pessoas que entendiam o sufoco das outras. Puta que pariu, obrigado meu Deus!!!!!
Pouco depois vem Paulo e diz, eles vão chamar um a um, vocês serão os últimos, mas vão nem que seja no banheiro. Ainda sofremos, pois ver todo mundo entrar e sem entender porque deveríamos ser os últimos não era fácil, parecia que iríamos ficar. Já estávamos até contentes com a possibilidade de irmos nos banheiros, seria mais histórias para contar, mas no fim fomos nos assentos destinados ao descanso dos tripulantes e durante o voo nos divertimos contando o sufoco que passamos para todo mundo que aparecia na galley. Obrigado comandante pelo bom senso e pela amizade. Obrigado por ser da família VARIG.


 
E aí galera! A gente se vê de novo???

Este foi apenas mais um "causo" da aviação.

sábado, 11 de outubro de 2014

Rota da Seda, você conhece???

Viajar, viajar e viajar... Desde pequeno que ouço falar sobre alguns caminhos, rotas, estradas, trilhas e como viajante praticamente obcecado que sou, sempre tive vontade de descobrir, ver, passar, sentir estes lugares, falo das trilhas Incas ou do Nepal para o Everest, digo do caminho de Santiago de Compostela, da Via Crucis de Jesus, do Expresso do Oriente, da Rota da Seda, do trem Transiberiano. Pois como guia de turismo, acabo de ser escalado pela Transmundi em um dos mais famosos caminhos e talvez o de menor possibilidade de um dia vir a fazê-lo, a famosa Rota da Seda. São países pouco conhecidos, são lugares diferentes, com histórias milenares de comercio, amor e guerra, Genghis Khan Massacrou mais de meio milhões de pessoas em 1221 na batalha em Merv um dos Patrimônios Históricos da Unesco desta região hoje em dia. Por sinal, são sete no total que irei visitar. Turcomenistão, Uzbequistão e Cazaquistão, alguém já pensou em ir lá??? Ficou preocupado, imaginou guerras, talibãs caminhando pela cidade com metralhadora nas costas. Já me pediram para manter minha cabeça no lugar rsrsrsr. Humor negro a parte, estes são lugares normais, super seguros, estão em paz, lutando apenas para crescerem como país e nação, são republicas novas, ex-URSS e independentes desde 1991. Estou curiosíssimo e animadíssimo para esta nova aventura. Alguém me acompanha????
Assim que puder mando notícias, fotos e histórias reais da famosa “Rota da Seda”.

                            Arrumando a mala para mais uma aventura

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Texto perdido da minha Varig


Acho que vou precisar desabafar... Sexta-feira, para mim não quer dizer nada... Hoje joguei tênis, bebi cerveja com amigos e reclamei da vida com minha família. Se eu fosse "normal", estaria contente com a chegada do final de semana, mas como sou tripulante de avião, esta alegria boba me parece mais boba ainda...

Gosto de levar uma vida absolutamente desregrada. Gosto de, em plena segunda-feira, ir à praia ou, se for o caso, dizer bom dia mais de quinhentas vezes num só dia. Adoro falar besteiras na terça, mas se for para eu estar no avião e servir dezenas de copos de refrigerante, lá estarei eu, feliz... Gosto de sair para dançar na quarta, pode ser em Fortaleza, Recife ou na minha terra, no Rio de Janeiro, mas, se for necessário que eu esteja uniformizado e pronto para partir na direção mais longínqua que a minha Varig puder me mandar, estarei preparado. Onde quer que eu esteja, prefiro pensar na vida na quinta e de passear na sexta. E trabalhar, trabalhar, trabalhar muito no sábado e domingo. Algo contra? É coisa de maluco?

Estão fechando a minha Varig. Como vou poder ser feliz? Como encontrarei outro emprego assim? Sei muito bem, que é uma dádiva a gente enxergar a nossa felicidade e eu sou feliz. Será que ninguém me entende? Posso estar remando contra a maré, mas meus remos são poderosos, cheios de força e coragem, sei que a minha Varig, ou melhor, a nossa Varig, a Varig de todos os brasileiros, jamais deixará de riscar os céus, porque preciso ter a certeza que meu filho irá chegar ao seu destino. Visto a camisa, por nada, por tudo, porque sou simplesmente Varig, pois é muito simples vestir a camisa, porque basta simplesmente ser brasileiro para ser VARIG.

Henrique Joriam
Achei este texto que escrevi em agosto de 2006. Que pena que não é apenas fruto da minha imaginação, aconteceu mesmo...

domingo, 31 de outubro de 2010

VOTAR É MUITO BOM Sabe por que votar é bom? Porque vc volta ao passado. Se vc não alterou o seu local de votar, vc vota onde vc viveu sua adolescência, exatamente quando vc começou a votar. Meu caso, apesar de flamenguista, passei minha adolescência no clube do Fluminense. No momento que fui entrando no clube para cumprir com minhas obrigações de cidadão, fui voltando mais ou menos aos meus 15 anos, me vi pequeno atravessando os corredores da parte do tênis, me lembrei da saída da piscina quando corria meio que escorregando no piso molhado e com o gosto do cloro escorrendo pela testa. Do drible dado numa pelada qualquer, lembrei-me de Ivan, um amigo que talvez não tenha notícias dele a mais de 30 anos, incrível como pude lembrar de alguém que somente jogava pelada comigo de vez em quando. Que gostoso o abraço do meu pai coruja, depois que fiz um golaço no campeonato mirim de futebol de salão. Meu pai... meu pai já velhinho, mas que logo estaria lá votando também e muito provavelmente lembrando-se dos seus velhos tempos. Parei numa marquise meio alta onde dava para observar vários pontos do clube e deixei minha imaginação seguir o caminho que quisesse e logo me vi junto com mais uns 10 colegas completamente fora do juízo normal subindo nas escadarias da plataforma de 10 metros da piscina de saltos ornamentais. Cara! Que maluquice. Meio que empurrando uns aos outros nos jogamos na piscina sem pensar em nenhum tipo de conseqüências, como se nada pudesse dar errado, era o máximo. Percebi a janela onde uma vez fiquei vendo o Cristo Redentor abraçado a Claudia, uma namoradinha da época do sorvete dançante. De lá fomos para a arquibancada do campo de futebol, deitei-a e ficamos nos beijando, foi o máximo, um momento literalmente inesquecível, mas, depois veio o pior, sua irmã me deu um esporro, me proibindo de levar Claudia em lugares escondidos para me aproveitar dela. kkkkkkkk Voltei então a caminhar na direção da saída, e vi as quadras onde eu ficava na “de fora” esperando ser minha vez de jogar a pelada. Passei por um corredor comprido, ali percebi uma mãe e filha vindo na direção contrária, sei que conhecia, a mãe é claro, mas não lembrava se era do clube, do colégio Franco Brasileiro que não era longe d’ali, talvez uma paquera ou uma “ficante” de alguma festa da adolescência. Muito engraçado olhar para a filha e saber que conhecia a mãe, pois eu lembrava da mãe, mas com a idade da filha. Cheguei a conclusão que já tinha dado uns beijos naquela mulher. Hahahahaha Resolvi parar e sentei nuns bancos perto das quadras de tênis e fiquei vendo um ponto lá no alto onde o pessoal se escondia para fumar um cigarro, era cigarro mesmo, o maior delito da nossa época de adolescente. Nesta hora ouço um senhor falar ao celular. “Vai ser até bom perder as eleições agora, se ganhássemos pegaríamos um governo todo arrebentado, deixa a vagabunda ganhar, ela vai acabar com tudo de vez e dentro de 4 anos voltaremos com força total”. Naquele instante meio que voltei ao presente. Creio que não foi uma boa idéia a parada perto das quadras de tênis, logo depois dois amigos passam conversando de modo agressivo. “Não se preocupe esta eleição é nossa, estamos garantido por mais 4 anos”. Logo em seguida o cara do celular volta a primeiro plano e diz, “Meu único medo é que este lugar se transforme em uma nova Venezuela com “nosso Chaves””. Resolvi sair dali, só que em seguida tocou meu celular, atendi e Juliana uma funcionária do meu albergue diz: - Joriam, estamos com um problema, deu over booking no quarto 1 do albergue. È..., era hora de parar de sonhar infelizmente era hora de voltar a realidade. Mas que foi bom votar isto foi.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sampa

5° salão do turismo, até que foi maneiro, cheio de brindes. A nossa tabela da copa até que fez sucesso. O albergue Sampa é muito legal, desde o site até o ambiente. Vamos dar uma volta na night e pronto, por hoje é só.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vamos para Copa da África?

São leões, girafas e rinocereontes, são belezas inigualáveis, são tempos inesquecíveis. Vamos pra África? Vamos ver a Copa do mundo? Estive na Alemanha em 2006, que espetáculo.